Se eu pudesse pedir um desejo que me satisfizesse a alma e me trouxesse um só sorriso pediria, como as crianças fazem na sua inocência às estrelas, que me deixassem sem saber o norte, aos deuses que me escondessem da vida e aos anjos que se esquecessem de mim. Mas porque não há bruxas nem milagres, resta-me navegar o resto deste mar até que atraque um dia num qualquer porto de abrigo ! As velas deste navio já parecem andrajos de tanto que foram rasgadas e cosidas; o mar que tantas vezes me embalou os sonhos, alça agora a sua fúria e despeja sobre o convés vagas de espumado desvario e estica, até partir, o cordame já sem força. Mas do leme brotam gritos de avante! Não há mar que tanto malhe, nem navio que não encalhe! Somos só dois: nave e eu! E o dia há-de chegar em que acabe todo o breu! Meu vento são palavras; minha bússola meus poemas; ao leme o que me agarra é vencer minhas penas. Haveremos de passar, muito além deste cabo, até além onde brilha o sol. E o mar, acariciando a q...
À procura do futuro nas areias do presente...