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A mostrar mensagens de junho, 2010

Os 7 Pecados Mortais (3) - A Ira

Nasci com fúria. Antes do tempo, contava minha mãe. Já vinha de veia inchada e aspecto venioso! Minha guerra era com a vida e com as desgraças que ali vinham, sem que eu as tivesse pedido. De pequeno arrancava asas às moscas e pisava formigas. Não por sadismo, só por raiva de que pudessem apenas incomodar-me. De jovem cresci adulto e dessa mera raiva nasceu a ira. Odiei como se odeia o inferno e raivejei minhas horas sem que contasse os minutos. De nada me serviu o sorriso complacente do amigo ou a palmadinha calmante materna. Apenas o vermelho sanguíneo que me toldava os olhos. Por saciar ficou a loucura dos momentos em que não via mais nada senão o desejo de perder a cabeça e fazer tudo aquilo de que é feito o arrependimento. E mesmo depois da solidão de quem vive o silêncio irado, nada aprendi... Fica-me apenas esta delicada respiração e a certeza de que ainda não encontrei a calma com que haveria de encontar-me com a eternidade. Também este é o meu preço!

Os 7 Pecados Mortais (2) - Inveja

Olhei meu par e também quis! Não tanto como ele, mas mais! Não por ter apenas, mas por ter mais, sempre mais do que ele. Por desejar o que ele ainda não tinha; para que o meu espelho me mostrasse (e a todos) quão maior eu era do que ele. Doía-me o coração ver que ele podia ter mais do que eu. E ele tinha! Tinha, mesmo aquilo que era meu! E eu queria mais! Mais do que ele tinha! Todas as manhãs, em que ele dormia por já ter, eu sofria por não ter. Todas as tardes, em que ele descansava na sombra, eu trabalhava para também ter. Todas as noites, em que ele olhava as estrelas que lhe trariam a madrugada, eu ansiava pela manhã... Pela manhã em que tivesse mais, mais do que ele! Dia trás dia, desejei! Não o que ele tinha, mas mais do que ele! E agora ainda tem. Tem mais do que eu! Tem pelo menos a certeza de, não querendo o que é meu, ter decerto mais do que eu! Este também é o meu preço!

Os 7 Pecados Mortais (1) - Orgulho

Passei, confesso, pela estrada do orgulho! Como criança, adolescente ou adulto. No princípio, apenas por necessidade, depois por inconsciência e finalmente, por estupidez! Cada vez que olhava o espelho encontrava em mim tudo aquilo que desejava ser mas que, ignorante, ignorava! Cada passo, cada gesto, uma certeza apenas de que o pouco (quase nada, ou nada mesmo) que tinha feito na insignificância da minha vida, era um arrepio de prazer que me invadia a espinha e fazia de mim um ser melhor que todos os outros. Certifiquei, perante mim, que todas as coisas me eram possíveis. E falhei! Como era previsível, falhei! Julguei meus caminhos mais longos que todos os caminhos e quando sofri, muito e muitas vezes, julguei que ninguém mais do que eu sofrera. E mesmo assim, inchei de prazer e força por poder e aprender a sofrer! E porque, como Ícaro, caí e voltei a cair (mais do que uma vez), até que aprendi a voar, achei que era também mais do que o ar que me sustentava. E da dor que me assob

O "não" por princípio!

Ando muito surpreendido com o facto de ver a palavra "niilismo" por tudo quanto é lado na blogosfera. Parece que, de repente, os bloguistas se lembraram da palavra que durante anos andou escondida nos meandros poeirentos dos dicionários e nas mentes não menos poeirentas de "marrões" e professores de Filosofia. Então lembro-me da dificuldade que tive no liceu para apreender o conceito. Tinha acabado de passar pelo niiismo característico dos anos 60, incólume devido à tenra idade e não tinha a mínima ideia do que quereria dizer tal palavrão. Com o andar dos anos fui entranhando o significado e acabei por me tornar, também eu, num niilista de primeira. A negação total de valores, como princípio, faz parte do crescimento hormonal juvenil e nenhum mal vem daí ao mundo. O problema é quando esse niilismo se estende pela vida adulta e confronta os egos com a sua própria negação. Um adulto niilista é um frustrado que nunca chegará a ter certezas e que mais depressa arranja

Fronteira e Artes!

Há, na  fronteira entre Portugal e Espanha (do lado de lá, claro!)um zum-zum de que a arte está a sair dos grandes centros: em Badajoz já tinha começado e agora, Cáceres, Património Mundial, tem sua sua vez! E por cá? Tirando qualquer "coisita" em Elvas (Badajoz à vista), continua tudo na mesma: nas mãos maçónicas de grupos de interesse entre Lisboa, Porto e Algarve. E ainda querem que a malta se ponha a criar! Para quê? Quem o quer fazer vai para o lado de lá e deixa esta miséria. E só tem a ganhar com isso! Aqui   só se fala! Bla, bla, bla bla...

O Fim Do Mundo!

Por fim chegam as consequências de uma globalização feita sem pés nem cabeça, ainda que com muitas vantagens para os chamados "países em vias de desenvolvimento". Os "ricos" deixaram de ser competitivos por causa dos altos salários e de uma plataforma de direitos sociais invejáveis. Subitamente podemos comprar os mesmos produtos por metade do preço devido ao baixo custo da mão de obra dos países "pobres" que, ainda por cima, não gastam em segurança social e em muitos casos, usam mesmo modernas formas de escravatura.   A cegueira dos governos "ocidentais", pressionados pelos lobbies das grandes empresas e do capitalismo selvagem, levou a um desemprego generalizado e ao colapso da segurança social. O ser humano passou para segundo plano e submeteu-se o interesse público ao das grandes corporações que deslocam os meios de produção para os lugares onde menos se paga pelo trabalho, mantendo o capital em paraísos fiscais para benesse de alguns. A bola

"Labirintos" de Carlos Barretto.

O amigo Carlos Barretto na sua nova obra exemplar "Labirintos"! A não perder num concerto próximo de si. Um dos mais profíquos músicos de Portugal. Uma das pessoas que mais prazer me deu conhecer nos últimos anos pela simplicidade do seu ser e pela grandeza que se respira em seu redor. Música de um Grande. E aqui o link do My Space.

Liberdade de Expressão e Arte na Rua

 Desde 1993 que a A.R.T.I.S.T. . (Resposta dos Artistas às Táticas Ilegais do Estado) se tem manifestado e lutado pelo direito dos artistas a mostrarem e manifestarem a sua arte nos Espaços Públicos da cidade de Nova York. Finalmente, e após quase vinte anos de lutas, os tribunais americanos deram razão aos artistas e obrigaram a cidade de Nova York a aceitar o direito de livre expressão dos artistas e as autoridades não podem agora impedi-los de fazer, expôr ou vender a sua arte na via pública. Em Portugal, o estado continua a reprimir e a confiscar obras de arte dos artistas sem qualquer pejo ou contestação das pessoas. Uma vegonha que coloca o País na lista negra dos criativos em todo o mundo e faz com que as nossas ruas sejam mais tristes, o nosso povo culturalmente mais pobre e impede a livre expressão que é um Direito Fundamental ( Art. 19 ) em qualquer estado democrático. E ninguém faz nada!

Os Piratas Das Caraíbas e Mariano Gago

"Fundamentalmente, as questões que se levantam com a Internet são semelhantes às que se levantaram com as fotocopiadoras, mas com uma mudança de escala. Essa mudança de escala trouxe muitos desenvolvimentos positivos. Os direitos de autor estão muito bem protegidos na pirataria em grande escala gratuita, mas não de uma forma tradicional. O valor ao produtor é imensamente aumentado. O facto da música produzida ser distribuída gratuitamente por todo o mundo, aumenta o valor do produtor, o que gera lucro. Mas isso não é novidade, a pirataria sempre foi uma fonte de progresso e uma fonte de globalização" ( Mariano Gago, na conferência EuroDIG , em Madrid )   Com estas palavras,  Mariano Gago apenas dá voz a uma sabedoria antiga e que demonstra bem o seu valor intelectual: que seria do ser humano se não tivesse havido, desde os mais imemoriais tempos, pirataria do conhecimento? Que direito terá Bill Gates (p. ex.) de utilizar uma cadeira , um garfo ou mesmo uma sanita

O fotógrafo Nick Brandt

As imagens extraordinárias de um fotógrafo britânico que se dá pelo nome de Nick Brandt . Poucas vezes se vê esta qualidade nos dias que correm: a prova de que não é por proliferarem as câmara digitais e até as crianças terem acesso a elas, que se fazem boas fotos.

Daniel Cohn-Bendit a fazer lembrar os tempos de Maio de 68.

Nesta intervenção,  Daniel Cohn-Bendit dá, no Parlamento Europeu, uma verdadeira tareia ao mundo da finança e aos interesses das indústrias de armamento da França e da Alemanha. Ou seja: a Europa empresta dinheiro ao governo grego a taxas cinco vezes superiores àquela a que o adquire no mercado financeiro internacional, para que, depois, os gregos possam gastá-lo a comprar armamento aos dois gigantes europeus com vista à mautenção da situação em Chipre. Ele é submarinos (onde é que já ouvimos isto?), fragatas e o mais que nem sequer sabemos... Prevê-se o fim da Europa? O €uro resistirá? As populações já gritam nas ruas. O desmantelamento desta Europa que conhecemos já risca o horizonte? Portugal ainda não sabe como é que isto vai acabar. Uma coisa é certa: isto vai ser muito, muito duro para todos neste "jardim à beira-mar plantado". E agora?

A arte no espaço público

  Em Nice, uma banda de cariz nacional, anunciou e fez um concerto "selvagem" numa das praças centrais da cidade justamente em frente do Palácio da Justiça. Nada disto pareceria excepcional, não fosse o motivo por trás desta manifestação surpresa!   Explico: o município de Nice decidiu exigir dos artistas e "performers" que habitualmente exercem a sua actividade nas ruas da cidade, um licenciamento para a apresentação das suas obras. Assim, qualquer artista só poderá apresentar os seus trabalhos no espaço público caso esteja autorizado pelo município e depois de passar um exame feito por uma comissão nomeada para o efeito.   Ora, isto levanta vários problemas legais. Entre eles, o mais visível que é o cercear da uma das liberdades fundamentais instituídas na  Declaração Universal dos Direitos Humanos que garante a livre expressão, da qual a expressão artística é uma das garantias da mesma declaração.   Em Lisboa, como na maioria dos municípios do nosso país, pas

Mitos

Claro que vai haver muita gente a saltar-me para cima aos urros. Vão chamamar-me de tudo e até invejoso... Mas não faz mal. A verdade é que tenho muito respeito pelo João Villaret e não é por este pequeno pormenor que vou deixar de o ter. Quando eu era um jovem ainda curioso e sedento de coisas que se faziam no teatro e no cinema em Portugal, havia algo que me fazia sentir enjoado de cada vez que era confrontado com uma certa forma de expressão corporal e vocal muito comum aos nossos actores. Um dramatismo exagerado e um pouco provinciano, herdado de uma escola medieval extinta, arrepiava-me e fazia-me fugir de certas manifestações. Nesta intrepretação, Villaret não está no seu melhor e traz à tona esses mesmos defeitos que tanto mal fizeram às artes performativas no nosso país. Mal declamado, excessivamente gritado, uma raiva mal sentida e sobretudo uma dicção apressada e sem pausas que subverte a verdadeira intenção do poema. A não repetir: Aliás, não devo ser o único a queixar

Pills of future past.

Talvez...

Não sei se hoje é mais um dia da minha vida ou apenas a vida num dia. Dentro de mim há agora um outro eu, uma pessoa que nunca conheci ou de que não me lembro. Há nos meus olhos uma sombra que não deixa brilhar as estrelas. As horas não passam nem de empurrão. Os minutos são eternos. A vida em suspensão! Pelos vistos isto é tudo bem mais complicado do que parecia. As ondas do mar embalam o berço dos meus sonhos e a noite foi feita para sofrer. O céu de cinza leve, é o meu cobertor; esta dor no meu peito nem me serve de abrigo. Por fim escrevo: "Lua de Noite Cheia". Para título não está nada mal. É mais um dos tantos... Não sei que linhas são estas que se cruzam pelo meu olhar. Perdi-me pelos caminhos de uma vida que nunca quis viver e agora não sei o caminho de volta. Os olhos de Mamoth ferem-me as costas e despejo das nuvens escuras na minha alma uma torrente de chuva salgada. Não tenho força para chorar! Estou cansado... muito cansado! Apenas penso em não pensar