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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2010

Não há mar que tanto malhe, nem navio que não encalhe!

Se eu pudesse pedir um desejo que me satisfizesse a alma e me trouxesse um só sorriso pediria, como as crianças fazem na sua inocência às estrelas, que me deixassem sem saber o norte, aos deuses que me escondessem da vida e aos anjos que se esquecessem de mim. Mas porque não há bruxas nem milagres, resta-me navegar o resto deste mar até que atraque um dia num qualquer porto de abrigo ! As velas deste navio já parecem andrajos de tanto que foram rasgadas e cosidas; o mar que tantas vezes me embalou os sonhos, alça agora a sua fúria e despeja sobre o convés vagas de espumado desvario e estica, até partir, o cordame já sem força. Mas do leme brotam gritos de avante! Não há mar que tanto malhe, nem navio que não encalhe! Somos só dois: nave e eu! E o dia há-de chegar em que acabe todo o breu! Meu vento são palavras; minha bússola meus poemas; ao leme o que me agarra é vencer minhas penas. Haveremos de passar, muito além deste cabo, até além onde brilha o sol. E o mar, acariciando a q

Visita à infância!

Dôr de alma dividida entre um passado recente sem sorrisos, onde o sofrimento me demarca agora as rugas e as cãs que rodeiam a face onde correm as lágrimas e um outro, longínquo, que me assoberba agora os dias e as noites em sonhos que se rompem contra a realidade de um novo dia cada vez mais triste. Quero partir! E mesmo que a realidade me cheire sempre a coisa bem diversa destes sonhos, já não posso voltar atrás. Conto as horas de cada dia que me mantém ainda afastado de mim mesmo! Tenho mesmo que ir! Ir até onde me possam levar as lágrimas ao encontro do vento que as há-de secar! Em terra deixarei as minhas alminhas pequeninas e levarei comigo, bem perto do coração, a saudade que me trará ainda mais lágrimas. Que também hão-de secar com o mesmo vento quente que me invade o sonho fundo! Sei que não hei-de voltar! Sei desde já que apenas a memória me servirá de conforto! Mas já não sei como ficar; como viver mais um dia que seja neste limbo arrepiante. Ai como me dói esta espera

Um amanhã sem ontem!

É difícil saber-se bem o que queremos quando somos mais velhos. Mas se somos mais novos, julgamos ter todas as certezas do mundo e pensamos que o nosso amanhã é um sonho qualquer que não tem nem deixa dúvidas! Achamos então, que tudo é mais do que controlável e que tudo o que fazemos, desejamos fazer ou que vamos mesmo fazer, são meras certezas absolutas! Não há espaço para o acaso! A certeza é o veneno desta era em que vivemos. Quando mais velhos, aprendemos a viver com o que temos e tentamos, na medida do possível, encontrar um equilíbrio entre aquilo que desejamos e aquilo que achamos ser plausível. E também temos algumas certezas bailando entre o certo e o incerto de maneira a que não possamos dar de caras com o imprevisto da realidade. Sem querer passar por Velho do Restelo, não posso deixar de pensar em todos aqueles para quem os sonhos gritantemente irreais, lhes tiram o sono e rasgam a felicidade. Não como todos os que sabem e aprenderam a viver com aquilo que têm, transforma