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A mostrar mensagens de 2011

Horas

Brutal como todas as verdades, a relativa velocidade de um ponteiro que marca as horas no relógio da vida é sempre um lugar vazio por onde passam os minutos. Confunde-se o momento de sono com a manhã cheia de futuro que não cabe nos lugares por onde caminham os vivos. Os sonhos ficam pendurados na madrugada para que as horas não se percam na memória quebrada!

O relógio que agora me acompanha e me faz contar o tempo

    Nem sei como escrever as palavras que não servem de tinta ao pincel que corre pela tela de que se faz o meu presente. Perco a hora por entre os ponteiros que marcam os traços de que é feita a minha vida. E não me sobra nada mais! Nem o relógio que até agora mediu os meus dias!   Perdi-me! Como se se perderam todos os homens antes de mim e se haverão de perder todos os que hão-de vir! Pelo caminho quis deixar sinais e setas que aos meus indicassem o caminho por onde passa o passo que não tropeça. Sei que o meu sonho tem mais poder do que eu e que nenhum de nós será um dia mais do que aquilo que fez com que possamos ser mais gente, nesse dia, para além das coisas em que nos fizeram acreditar. Venderam a minha alma e nunca perguntaram se eu tinha fome.   Viram-me passar por entre as lágrimas como um marinheiro que tende a vela por onde passa o vento que navega a eternidade. Fecharam as portas por onde entrava o ar que fazia de mim o sonho de ser tudo o que mais ninguém queria s

A casa

  Se não fosse pelas paredes cobertas de prisão e pautadas de janelas com portas por onde foge um destino e entra outro, não haveria casas. O medo da solidão percorre os raios de luminosidade por onde passa a memória que desiste de pendurar-se no acaso. Pede que lhe digam ao ouvido que aquele lugar é só seu. Nos seus silêncios se perde a certeza de ser-se apenas e só quem se é. Não há lugar para rumores nas eternidades que invadem o espaço entre paredes. Nem os sonhos escapam da prisão. São horas de ter que ser mais do que que aquilo que somos e um pouco mais ainda daquilo que queremos ser. A casa é o medo do futuro: a tremura perante as ferozes garras que ameaçam o dia com que havemos de nos descobrir. A casa é tudo aquilo que cada um sonha mas que sabe que não existir além de si.   Permanente como a certeza de que morremos todos, o sonho cresce como se possível fosse que um dia, tudo se arranje de forma a que o destino se confronte, cara a cara, consigo mesmo. A casa é tecto, é

Regresso

São os dias que contam, não as horas. Dentro das almas há suor que escorre de um fazer por ainda não ter sido feito. A multidão escondida entre os sons da cidade, ecoa passos pela noite descoberta, como se a luz do dia tivesse  deixado rasto. As paredes já não entornam o amarelo com que demarcam o escuro da vida que agora se junta, em rito de acasalamento, com as luzes da cidade. Insinua-se o negrume pelos recantos que acarinham as pedras da calçada cintilantes de passado, para deixar no ar fresco, pedaços de memória regados a morrinha de fim de Estio. Os homens esquecem que a satisfação é inimiga da criação e empanturram-se de dias largos de suor, para para poderem vangloriar-se da vida que se lhes escapa por entre os dedos.  Os crentes olham agora mais uma certeza quando passam pelas escadas da igreja, onde se espraiam outras almas na espera de algum transeunte que lhes compre um pouco de paz, em troco de uma esmola. Há sempre lugar para mais um, que ali chega por ter deixa

Chuva de Verão

  As paredes brilham, inclinadas pelo chão molhado da chuva. Os seus olhos contrastam o céu cinza e buscam vozes no ar da tarde por onde caminha: nem mira o reflexo pelas montras como gosta de fazer.   Quem a vir julgará os seus passos pelo silêncio que gritam no ar, espelho da fronte enrugada que lhe coroa a face branca. À sua volta desabrocham passados  como flores de um monte no verão enquanto ressurgem vontades e desejos de a ver pairar como antes. Esticam-se as almas pelos estendais da velha Alfama. Só ela passa debaixo da morrinha!   Pelo final da tarde, quando mais ninguém se lembrar da chuva e o sol lograr apagar da calçada as cópias dos prédios, ouvir-se-ão os sinos de S. Miguel em anunciado desespero por fiéis moribundos. Dos cantos e portas escuras, saltará gente ao magote e o chilreio dos pássaros fará com que a esqueçam até à hora de jantar. Depois ela será conversa. Apenas conversa de final de dia e rumor de regresso.   Chega a casa sem saber que chegou: dói-lhe m

Fermento De Tempestade

 Há corropio de gente em azáfama de esperas, os loucos pasmam a raiva com que de noite invadem o inferno em visita de sonhos repetidos. Não há vozes escondidas nas travessas nem olhares trocados por quem passa. Em rosário caminha a cosmopolita mole sem destino: como carreiro de formigas se fintam certezas e se perdem planos. Junto à banca de legumes da esquina, o pregão morre no ar denso da manhã para se juntar ao grito dos sinos. Da calçada chegam passos arrastados contando dores osteopáticas de eras antigas. De uma janela sobra o choro pacífico e largo de criança com fome. Se ora pára algum momento de cansaço, descansam por breve as consciências escondendo revoltas há muito açaimadas.   Quatro esquinas de gente brotam cinza de céu baixo pelas paredes sem sombra e da pedra das faces sobram rugas de amanhã. Telhados carregados de vermelhos e castanhos viúvos, escondem o postal do turista por trás da câmara para pesar cílios em vã tentativa de despertar as horas.   Pelas aforas

Dia Sem História

 Pendurado na manhã, em precário balanço, procuro em vão encontrar um poiso onde deixar cair o desejo de partir. Sobrevoam-me incertezas e sonhos de mares já navegadas por onde cruzar o meu destino. Falta pouco para sentir o vertical picar do sol calando o pio das aves. Atravessa selvagem o rio de carros  ruidoso, a perpendicular da manhã. Pelas calçadas desmaiam os passos em previsão de mais um dia sem história.  Num banco apenas ensombrado, recontam-se recortes de memória nas figuras de velhos de quem foge o tempo. Ninguém lembra realmente e menos os que fizeram das estradas e caminhos as suas alvoradas e os seus espinhos.  Pela calçada arrastam-se pressas, sorriem-se desgostos e escondem-se madrugadas de cristal em estudados esgares de vida. Só do contraste da ave contra o azul profundo se esvai o tempo em que todos se afundam. Arde a pele e arrasta-se o meio-dia!  Da primeira sombra cai de madura a manhã e nos balcões tergiversados em geometria de fome, enfileiram esperas e

Porta de Ti

 Quantos dias ficarão por esquecer quando tudo à tua volta te fizer perder a calma? Quantas horas em vão passarão pelo relógio do teu bater cardíaco antes que possas olhar-te no espelho e gritar: não posso mais?  Os olhares destroçados em silêncio e vazio atropelam desejos interiores enquanto te perdes em horizontes ardendo de ti. Nas tuas mãos treme ainda o odor da derrota de um amor desfeito em migalhas de céu. E só tu sabes que o jardim de casa já não tem aquele canto onde te escondias para chorar as lágrimas que lá dentro evitavas... E nem as árvores te ensombram agora o braseiro em que ardes por dentro.  Pelos corredores estreitados da tua prisão cambaleias os dias numa surdez muda de que não tens memória. Olhas mas não vês; ouves e não escutas; tocas e não sentes... As paredes, os quadros, tudo te parece agora despejado e nu. E ficas de pé, à porta de ti mesma, olhando sem perdoar a culpa que te juras mas que eu sei não ser só tua.  Abre-a! Abre essa porta e foge! Vai ver as f

A Musa

Há, no torpor das noites, minutos de sonho que queria gravar fundo no meu acordar para lembrar-me mil vezes ao dia. É o sol do teu sorriso que fustiga a alvorada como um meio-dia tropical. A tua pele deixa-me sonhos de África no cheiro da terra vermelha. Caminho por entre os teus cabelos, pendurado no teu olhar e no horizonte absoluto de um futuro impossível, descubro velas erguidas em louvor de ti. Já não basta respirar: preciso ver-te! A manhã escorre lenta e pressurosa rumo ao zénite. No alçado correr do sangue espalham-se, como chispas incandescentes, repentes de ti e a memória ainda viva sorri momentos de aconchego. Pergunto tantas vezes: porquê musa minha me deleitas as noites e me abandonas os dias? Nos momentos indecisos, pairando entre horas, perco o caminho e cambaleio sem destino. No antigo porto, junto às carcaças de velhos navios que em silêncio contam histórias dos Sete Mares deixo-me ficar, em contemplado mirar de horizontes, perdido entre as agora ténues memórias do

Cidade Amordaçada

  Paredes decadentes delimitam o passado esquecido; gentes de olhar absorto em ocasional caminhar, ziguezagueiam pelas pedras da calçada sem hora de partir... Entre as perpendiculares fugidias, escondem-se esplanadas cheias de sedentos calores e cansaços de turista. Aqui e ali, junto às sombras que teimam em fugir ao sol, modorram-se mendigos de mão estendida a uma caridade transparente em tom de detergente para consciência. Só os sinos vibram pelo meio-dia as notas de uma repentina brisa que promete mas não cumpre. Pelos recantos e esquinas, perdem-se as vozes dos que nada dizem e misturam-se olhares na amálgama de desejos perdidos em amores derrotados. Irónico, o azul claro do céu paira em equilíbrio sobre os telhados em brasa. Ninguém vive: todos esperam apenas!   O ranger das rodas dos Eléctricos riscam a pesada tarde na certeza de um caminho cravado no chão. As horas passam invisíveis num contraste evidente com o bater dos corações no meio da modorra e há uma inconsistência de al

Terra Oblivion

  Em territórios obsoletos da minha memória vivem fantasmas! Vejo-os em sonhos, quando em desespero de causa tenho que regressar. Monstruosos seres escuros que me bafejam o pescoço e me gritam arrepios ao ouvido como se riscassem vidro. Conheço vagamente aquelas memórias flutuantes e nalgumas revejo infernos dantescos por onde um dia passei. Nem sei, às vezes, se foi real ou apenas pesadelo. Quero partir mas os monstros não deixam. E nem lhes tenho medo! Muito pelo contrário: bem gostaria que me confrontassem para os poder olhar bem nos olhos e então, pura e simplesmente, apagá-los! Mas já falta pouco: o Destino não tarda aí!   E quando chegar, há-de levar-me nas suas asas até futuros transparentes, plenos de horizontes longínquos de onde chegam as vozes encharcadas de melodia que me atravancam a esperança de chegar ao porto que já vislumbro atrás daquela névoa. Por agora há que derrotar os monstros!   Depois há que voar! Voar até que se me gastem as asas!

São poucas as palavras nesta hora! Mas são tuas!

Vou, talvez, dormir: acalmar o formigueiro que me rói todo o corpo como se quisesse levar-me a alma. Quantas vezes é preciso morrer? Sei que tenho que levantar-me cedo: tenho uma revolução para fazer! Mas que importa a hora se nem vou poder fechar os olhos? E não é a Bastilha que me chama! Eś tu, que não devias ser! Prometeu-me o Destino, senhor de todos os caminhos, que não havias de ser! E portanto falha!

Bem: isto é complicado!

  Hoje, que somos muitos e temos pouco tempo, olho atrás para ver reconhecer apenas a razão do fim! De nada me valeu a vida! Já sabia de tudo: que ainda não conseguia andar mas afinal corria; que não sabia caminhar e afinal voava; que não podia falar, mas dizia... Tantas e tantas coisas que não cabem nas palavras que um deus coloca na vida!   Agora, que já ninguém tem tempo para escutar tudo isto que deliro, quando me olho de cima porque não podia chegar mais fundo... Agora digo: cada momento da minha vida é só um pouco da minha morte!

Idos De Julho Em Lisboa

  A cidade estremece de modorra. Pelo dentro dos quintais se esconde a fresca tarde. Lá fora queima a sombra até! O caminho passeado lento, desencontra-se das figuras cruzadas e as almas deambulam pela massa de ar quente em ofegante necessário. Pouco resta do meio dia! E pouco menos falta para ficar mais calor.   Ao fundo da rua, pelos lados de S. Domingos estendem-se pela sombra da velha oliveira as africanas saudades da acácia espinhosa e o chão de brilho solar cega e dói. Até o Rossio parece não querer ali ninguém!   E nós? Que fazemos aqui? Há promessas escondidas nos nossos passos e dentro de nós salta o desejo de jurar. E calamos o dizer em troca de  um leve roçar de pele. Um arrepio fresco troca-nos os olhares no meio deste deserto. Partiremos daqui, algum dia?   Miramos a terra como se fosse mar e tranparentam-se as fachadas para deixar passar o horizonte. Há mastros no cais! Serão do navio que nos há-de levar? Em murmurado silêncio nos sentamos na soleira daquela porta e deixa

Uma Sereia No Fim Do Mundo!

   Abre as portas com fúria o vendaval! Entrando, ruge o mar salgado, iroso e imparável; tormentam-se as ondas que estendem nos braços uma sereia de manso olhar. Agargantam-se os olhares do povo extasiado. Recua-se um passo empurrado pelo bater cavalgado do coração. O cordame naval range cascos no cais; revoltam-se os navios! Querem partir, ir com a sereia!   Junto à borda, pelos cantos do vento, caminha impávida a figura sombreada do Destino. Pelas arribas o povo treme e recua ainda! Não sabem, coitados, que nada podem fazer! Sim, porque ao Destino pouco importa: quem parte ou quem fica!    Aos joelhos baixam os crentes, elevando em preces as mãos ao céu negro e furibundo. Há perdão rogado em todas as vozes, junta-se o sal das lágrimas ao mar salgado. É o fim do mundo!

O passado também morre!

  As vozes que viajam nos ventos já me tinham dado a certeza: não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe! Ao caminhar pelo tempo passei pelas noites brancas e dias de cinza chumbo; olhei-me mil vezes e perguntei: porquê? Das lágrimas fiz mar e nele naveguei; e agora, descobrindo que tenho asas, volto a respirar e a ter a certeza: há, para além do horizonte, um porto de abrigo! A tormenta já não sacode os dias, as noites e auroras trazem no estômago um doce fervilhar de um arrepio de alegrias. Não do momento mas antes da certeza de que afinal nesta história da vida, há sempre um final feliz.   Sereníssima hora em que respiro de novo o perfume das Rosas Damascenas quando passo pelo quintal ao lado. Já nem sei chorar! Nem rir! Agora contemplo!

Há sempre alguém que diz não!

  Quem olha agora este poster de 2001, não pode reconhecer a nossa capital. Lisboa morre lentamente, como as horas de um relógio no pulso de um amante que espera.  Pelas ruas mais não se vê do que gente triste e sem brilho; pelos recantos, os sem-abrigo refugiam-se numa garrafa de vinho ordinário enquanto os carteiristas se perguntam se não é melhor mudar de profissão.  As ruas da cidade são o espelho do povo que nela vive e um dia, Lisboa já foi assim.  E quando voltará?

Tiago Duarte - Quando a expressão ultrapassa o significado.

Tiago Duarte , reside actualmente em Manchester, no Reino Unido, onde termina o mestrado em Belas Artes. É difícil colocar em palavras escritas todas as horas em que debatemos sobre tantas coisas e também sobre estas andanças da expressão enquanto arte ou sobre a ausência daquela nesta. O que me ficou foi a força indelével com que o seu trabalho me impressionou o espírito e me assegurou que este criador tem à sua espera um futuro grandioso se mantiver o caminho explêndido que até agora tem trilhado. Os seus trabalhos têm por certo um tom que não se acerca da consciência do mero mortal e como ele mesmo diz : "o valor da arte está nos olhos de quem a vê". Partindo desse pressuposto, T. Duarte inicia uma incessante busca por esse desprendimento, alicerçada numa postura calma e contemplativa que permite transmitir no suporte uma tempestuosa força que parece não encontrar fim de obra para obra. Trespassa no conjunto o seu olhar crítico e assertivo como se fizesse um tremend

O Sol De Londres

 Talvez porque tenha chegado de Manchester, cidade de que realmente não gostei ou porque acordei com um sol esplendoroso, a despertar-me de um atribulado sonho onde as memórias exaltadas se misturavam com alegrias incertas de desejos simples, como andar pela beira-mar, a verdade é que a vida atravancou-me o olhar e tudo me parece agora mais ardente e feliz. Tantos anos desta cidade e de cada vez que me afasto, volto como se fosse a primeira vez.   Ontem, quase perdia o último comboio de Charing Cross para Eltham e arrisquei ficar empancado toda a noite em Londres. Já se ouviam os apitos de partida quando me atirei ofegante para a carruagem cheia de personagens dignas de um filme.    Estranha viagem! Uma bela senhora, quarentona avançada que quase imaginei poder ser minha, não fosse a rispidez do gesto em contraste com a forma elegante como vestia, sentada à minha frente, deitava-me olhares inquisitivos e lia uma revista de arquitectura. Num canto, meia dúzia de jovens exaltados

Um Adeus a Manchester!

  Nem sei que dizer deste lugar! Apenas me fica a impressão de que nunca hei-de sentir saudades. Arrepios sim! Não de frio nem de febre: só de desconforto interior! Parto amanhã para Londres e já a alma me parece sorrir. Adoro aquela cidade e mais quando me encontro longe dela.   Aqui vai ficar cimentada a ideia de que as primeiras impressões são sempre as que sobrevivem. Quer seja dos lugares quer das pessoas. E aqui, estas são mesmo o que se esperaria de uma cidade que é tão triste, húmida e pesada.   As caras refletem bem o céu cinza que tanto me acabrunha os minutos! As pessoas são cabisbaixas e secas por trás das peles cinzentas como o céu de Manchester. Haverá alguém que ame esta terra e a chame "sua"?   De tudo o que aqui vi só um lugar me chamou a atenção e me marcou pela positiva: a Faculade de Belas Artes da Manchester Metropolitan University. Ali, na companhia do amigo Tiago Duarte , artista de alto nível e cujo trabalho me inpira o maior respeito, visitei os

Terra de moinhos

De onde se fala de paredes e chaminés de tijolo esverdeados pelo tempo imenso em que estão mergulhados numa nuvem húmida e densa que envolve toda a cidade de Manchester. A minha viagem para Londres tinha por objectivo encontrar o motivo para o meu próximo trabalho na linha do que executei há alguns anos em Lisboa e que hoje é a base da minha arte, pelo menos no que toca à sobrevivência no dia-a-dia.  Entretanto e a propósito de uma conversa de tasca em Lisboa com o António e com o Mário, resolvi dar um salto a Manchester para visitar um amigo de longa data e que também escreve as suas linhas. Aliás foi a qualidade dessas mesmas palavras que exacerbaram a minha vontade, que era já grande, de o visitar. Aqui não referirei o seu nome a seu próprio pedido.   Cheguei a Manchester num domingo de Janeiro às 23 horas e fui efusivamente recebido pelo meu amigo com abraços que muito bem me fizeram à alma e a deixaram acalmar por alguns momentos dos tormentos que tem vivido nestas últimas semana

Quo vadis, Facebook?

O Meu amigo Jorge Lemos perguntou no FB: "Facebook: quebra barreiras aproximando as pessoas ou, em sentido inverso, mata o exercício da conversa aberta, directa e na primeira pessoa? Será uma caixa de pandora?"   Ao que comentei: "O Facebook é mesmo a caixa de Pandora. Mas não só por esse motivo: a transferência da vida social efectiva em que as pessoas se encontram e partilham a vivência, para o mundo virtual em que apenas se encontram na rede, veio fazer da realidade individual um quarto fechado em que desaparecem as barreiras entre o humano e o animal. Mas não deixa de ser a maior experiência de anarquia jamais intentada pelo ser humano..."   E ele, "Não consigo, ainda, ter uma ideia formatada sobre esta nova realidade. É bem verdade que se refizeram velhas amizades e se criaram outras, novas. É bem verdade que aproximações (familiares e de amizades) aconteceram. Mas também é bem verdade ... que ao não haver uma "acareação", deix