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Histórias de marinheiros

De que vale sonhar infindas distâncias, quando o pesadelo não deixa que a manhã vibre solarenga?
De quem são aquelas sombras que tapam o meu sol e me desviam do meu Norte?
Não tenho já dias nem noites por onde passar escondido dos olhares que o destino me deita;
Não reconheço no vento as vozes que um dia me chamaram como sereias no meio do mar;
Os olhos derretem-se-me agora em vagas de mar salgado, desfocando os horizontes, escondendo futuros...
Marinheiro de Caronte, sério imigo de Selene, busco agora quem tenha olhos e veja, ouvidos e oiça:
Há uma história para contar enquanto as velas se não enfunam e os ventos não acordam.
Mas quem escutará para além dos náufragos a quem as prometidas marés nem jangada deixaram?
Talvez os silêncios escutem, quietamente resplandecentes na sua altivez, no seu imoto estar.

Comentários

  1. Obrigado pelos textos sempre tão interessantes,
    1 grande abraço,Amigo!

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  2. São pequenos apontamentos de vida e algumas memórias de uma alma naufragada! Devem ser fruto desta alma Lusitana!
    Um Abraço para ti também!

    ResponderEliminar

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