Avançar para o conteúdo principal

Tiago Duarte - Quando a expressão ultrapassa o significado.

Tiago Duarte, reside actualmente em Manchester, no Reino Unido, onde termina o mestrado em Belas Artes.
É difícil colocar em palavras escritas todas as horas em que debatemos sobre tantas coisas e também sobre estas andanças da expressão enquanto arte ou sobre a ausência daquela nesta. O que me ficou foi a força indelével com que o seu trabalho me impressionou o espírito e me assegurou que este criador tem à sua espera um futuro grandioso se mantiver o caminho explêndido que até agora tem trilhado. Os seus trabalhos têm por certo um tom que não se acerca da consciência do mero mortal e como ele mesmo diz : "o valor da arte está nos olhos de quem a vê".

Partindo desse pressuposto, T. Duarte inicia uma incessante busca por esse desprendimento, alicerçada numa postura calma e contemplativa que permite transmitir no suporte uma tempestuosa força que parece não encontrar fim de obra para obra. Trespassa no conjunto o seu olhar crítico e assertivo como se fizesse um tremendo esforço para ver com os olhos d'outrém, compreendendo a enormidade da tarefa a que se propõe. Não é mesmo nada fácil. Mas também não parece que lhe seja impossível dada a passada consistente e sem receios com que precorre o caminho.

Afirmar-se é secundário em relação ao caminho inerente à própria obra que deverá ser bem mais do suficiente. Daí o porquê de não assinar o trabalho! Perfeitamente compreensível e desnecessário visto que a individualidade do mesmo é sobeja no que se refere à sua identificação criativa de origem. Sem querer comparar o que não se compara, parece-me reconhecer nesta obra uma força que me relembra a postura revolucionária da arte na 1ª década do sec. XX. E não devo ficar muito longe da verdade quando digo que dentro de pouco tempo teremos a obra e o autor no lugar que ambos merecem!

Comentários

  1. sobejam palavras, por (de)mais estamos,

    olhos solitarios!


    muito obrigado
    aperto

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Deixe aqui o seu comentário!

Mensagens populares deste blogue

Domingo na Cidade

 As ruas desertas mostram a nudez das horas. Um silêncio familiar atravessa os raios de sol mortiço que iluminam os entre-olhares dos recém amantes sentados pelos bancos da praça. Há promessas para nunca cumprir e o sempre que se sussurra não passa de uma jura inocente de que a primavera vai durar para a eternidade. Pelo correr das horas dir-se-ia que o peso do ar não deixa passar o dia.   Num banco de jardim, cercado de andorinhões, os meus olhos prendem-se ao fio do horizonte na boca do rio e finge grades férreas nas colunas de uma ponte suspensa das nuvens. A cinza abafada do céu acinzenta os gestos de quem passa e apenas eu testemunho. a primavera.   

O "não" por princípio!

Ando muito surpreendido com o facto de ver a palavra "niilismo" por tudo quanto é lado na blogosfera. Parece que, de repente, os bloguistas se lembraram da palavra que durante anos andou escondida nos meandros poeirentos dos dicionários e nas mentes não menos poeirentas de "marrões" e professores de Filosofia. Então lembro-me da dificuldade que tive no liceu para apreender o conceito. Tinha acabado de passar pelo niiismo característico dos anos 60, incólume devido à tenra idade e não tinha a mínima ideia do que quereria dizer tal palavrão. Com o andar dos anos fui entranhando o significado e acabei por me tornar, também eu, num niilista de primeira. A negação total de valores, como princípio, faz parte do crescimento hormonal juvenil e nenhum mal vem daí ao mundo. O problema é quando esse niilismo se estende pela vida adulta e confronta os egos com a sua própria negação. Um adulto niilista é um frustrado que nunca chegará a ter certezas e que mais depressa arranja

O "Povo Maravilhoso"

Em Moçambique, assistimos a uma revolta do Povo! Abençoadas gentes que não calam o que lhes vai na alma. Depois de décadas de aceitação e resignação, as gentes de Moçambique bateram o pé e deixaram uma ameaça: se o governo não arrepia caminho isto vai piorar! Foi 2008 e 2010. Para a próxima vai ser bem pior! Apoiar qualquer acção do nosso povo contra os abusos da classe opressora que há mais de 30 anos rouba e deixa a sua gente na miséria depois de tanto sofrimento antes da independência, é um dever moral. O governo moçambicano é um dos mais corruptos do mundo e está visto que não é com palavras que vão resolver o assunto! Não basta apontar o dedo a criminosos como MBS e olhar para o lado. As instituições internacionais já se estão a aperceber da imparável onda de corrupção que delapida o país e que dentro de pouco tempo vai fazer muito mais sangue. Ouvimos chamar a estas manifestações "desacatos". Palavras de um governo de criminosos a soldo que não se coíbe de roubar o