Avançar para o conteúdo principal

Um Adeus a Manchester!

  Nem sei que dizer deste lugar! Apenas me fica a impressão de que nunca hei-de sentir saudades. Arrepios sim! Não de frio nem de febre: só de desconforto interior! Parto amanhã para Londres e já a alma me parece sorrir. Adoro aquela cidade e mais quando me encontro longe dela.
  Aqui vai ficar cimentada a ideia de que as primeiras impressões são sempre as que sobrevivem. Quer seja dos lugares quer das pessoas. E aqui, estas são mesmo o que se esperaria de uma cidade que é tão triste, húmida e pesada.
  As caras refletem bem o céu cinza que tanto me acabrunha os minutos! As pessoas são cabisbaixas e secas por trás das peles cinzentas como o céu de Manchester. Haverá alguém que ame esta terra e a chame "sua"?

  De tudo o que aqui vi só um lugar me chamou a atenção e me marcou pela positiva: a Faculade de Belas Artes da Manchester Metropolitan University. Ali, na companhia do amigo Tiago Duarte, artista de alto nível e cujo trabalho me inpira o maior respeito, visitei os estúdios onde crescem os espíritos criativos de amanhã! E devo dizer que, de todos os trabalhos que ali vi e sem querer ser tendencioso, o do Tiago bate aos pontos qualquer dos que tive oportunidade de apreciar incluindo uma exposição de mestrados da Finlândia que ali se apresentava justamente no dia em que lá fui. Apesar do cinzentismo exterior dos edifícios, o miolo pareceu-me bastante caloroso. De esperar decerto, vista a actividade que ali se exerce. Conheci o Tiago aqui em Manchester e só pelo previlégio valeu bem a pena vir aqui. Abraço grande meu amigo, talvez a nossa amizade seja uma Caixa de Pandora de onde saltarão os monstros e medos que um dia hão-de fazer da arte um lugar quase (im)perfeito.

  Não vou ter saudades a não ser de amigos! Talvez um dia, quiçá, estas imagens não me assombrem tanto o espírito como agora.
  Voltar? Não me parece! Mas como diz o povo: never say never!
  Ainda assim não me sentiria bem se não deixasse aqui uma palavra de apreço pela forma como fui recebido pelos poucos ingleses que tive oportunidade de conhecer aqui. Especialmente para a Zoe Zoe, pessoa de quem muito gostei, anjo que vive por trás de uma face onde a dôr da vida se cruza com uma pequenina chama de esperança! Adeus amigos Carlos Serrano, Tiago Duarte (e sua maravilhosa família) e Zoe Zoe: sois o sol de Manchester! We shall meet again, some sunny day! Farewell!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Domingo na Cidade

 As ruas desertas mostram a nudez das horas. Um silêncio familiar atravessa os raios de sol mortiço que iluminam os entre-olhares dos recém amantes sentados pelos bancos da praça. Há promessas para nunca cumprir e o sempre que se sussurra não passa de uma jura inocente de que a primavera vai durar para a eternidade. Pelo correr das horas dir-se-ia que o peso do ar não deixa passar o dia.   Num banco de jardim, cercado de andorinhões, os meus olhos prendem-se ao fio do horizonte na boca do rio e finge grades férreas nas colunas de uma ponte suspensa das nuvens. A cinza abafada do céu acinzenta os gestos de quem passa e apenas eu testemunho. a primavera.   

O "não" por princípio!

Ando muito surpreendido com o facto de ver a palavra "niilismo" por tudo quanto é lado na blogosfera. Parece que, de repente, os bloguistas se lembraram da palavra que durante anos andou escondida nos meandros poeirentos dos dicionários e nas mentes não menos poeirentas de "marrões" e professores de Filosofia. Então lembro-me da dificuldade que tive no liceu para apreender o conceito. Tinha acabado de passar pelo niiismo característico dos anos 60, incólume devido à tenra idade e não tinha a mínima ideia do que quereria dizer tal palavrão. Com o andar dos anos fui entranhando o significado e acabei por me tornar, também eu, num niilista de primeira. A negação total de valores, como princípio, faz parte do crescimento hormonal juvenil e nenhum mal vem daí ao mundo. O problema é quando esse niilismo se estende pela vida adulta e confronta os egos com a sua própria negação. Um adulto niilista é um frustrado que nunca chegará a ter certezas e que mais depressa arranja

O "Povo Maravilhoso"

Em Moçambique, assistimos a uma revolta do Povo! Abençoadas gentes que não calam o que lhes vai na alma. Depois de décadas de aceitação e resignação, as gentes de Moçambique bateram o pé e deixaram uma ameaça: se o governo não arrepia caminho isto vai piorar! Foi 2008 e 2010. Para a próxima vai ser bem pior! Apoiar qualquer acção do nosso povo contra os abusos da classe opressora que há mais de 30 anos rouba e deixa a sua gente na miséria depois de tanto sofrimento antes da independência, é um dever moral. O governo moçambicano é um dos mais corruptos do mundo e está visto que não é com palavras que vão resolver o assunto! Não basta apontar o dedo a criminosos como MBS e olhar para o lado. As instituições internacionais já se estão a aperceber da imparável onda de corrupção que delapida o país e que dentro de pouco tempo vai fazer muito mais sangue. Ouvimos chamar a estas manifestações "desacatos". Palavras de um governo de criminosos a soldo que não se coíbe de roubar o